A Sociedade Tecnológica — Técnicas (IV)
Essa é a continuação do resumo do segundo capitulo de The Technological Society de Jacques Ellul.
Desenvolvimento Histórico
Grécia
A Técnica é um fenômeno essencialmente oriental. Há uma concepção errada no ocidente de que os orientais são mais místicos, não se preocupam com teorias, enquanto no ocidente possui o know-how e são os grandes realizadores. Isso é uma concepção errada.
Mas foram os gregos os primeiros a esboçar um pensamento científico. Apesar de haver, em certas personalidades, a completa separação de Técnica e Ciência. Temos Platão e Arquimedes, um evitava qualquer concretização do seu pensamento, enquanto outro realizava experimentos. Mas, mesmo se eles tivessem um grande desenvolvimento Técnico, muito teria se perdido no tempo.
De fato, os gregos foram os primeiros a empreender uma coerente atividade científica, mas, ao contrário do que podemos imaginar, há uma total desassociação entre esses experimento científico e a técnica. Como temos o exemplo claro de Arquimedes, podemos afirmar que essa separação não foi tão absoluta. Platão evitava qualquer compromisso com aplicação, mesmo seguindo com seu experimento científico. Arquimedes foi um pouco além, ele construiu algumas aplicações e máquinas, mas as destruiu depois que provou a exatidão dos seus números.
Porque eles eram assim? Existem duas respostas, ou eles não desejavam a aplicação da técnica, ou eles não podiam aplicar a técnica. De fato, eles tiveram alguma evolução técnica, porém houve um declínio muito grande. Em certos momentos eles não sabia fazer a ligação entre o know-why e know-how.
Os gregos consideravam o controle próprio uma virtude, assim rejeitavam a técnica deliberadamente em favor do autodomínio e a aplicação de uma concepção de vida. Apenas as técnicas mais modestas eram permitidas. Ninguém podia aplicar a ciência tecnicamente, mas o pensamento científico era permitido, pois ele se referia a sabedoria.
Roma
Dos grandes impérios, poucos merecem ser lembrados por sua técnica. Exceto Roma. Em Roma vemos a aplicação perfeita de uma Técnica Social tanto militar quanto civil. Tudo em Roma era governado por suas leis, do privado ao público. Essas leis não era frutos de pensamentos abstratos, mas de realidades concretas.
O primeiro elemento da técnica romana era que eles se baseavam em uma disciplina de tentar usar os mínimos meios possíveis. Das técnicas existentes, eles procuravam aperfeiçoar ela ao máximo, para que ela respondesse a perfeição.
O segundo elemento era a busca pelo equilíbrio entre a técnica e o humano. Mesmo tendo criando as Técnicas Jurídicas, a individualidade não poderia ser eliminada, o homem nunca era eliminado da sociedade.
O terceiro elemento era sua utilização para um determinado fim. Os fundamentos da sociedade não era a utilização da policia, mas uma organização social que tornasse o uso da policia o mínimo necessário.
Para alcançar esse design, foram desenvolvidas várias técnicas administrativas, religiosas e econômicas. Em Roma, a força não devia ser usada, ela era dispendiosa. Roma era econômica em tudo. Usar a força significa que algo deu errado e precisava ser reformulado.
Por fim, o último elemento da técnica romana era a continuidade. Os planos só eram aplicados quando haviam um momento histórico para isso, a técnica jurídica era constantemente adaptada a realidade histórica.
O sistema judicial de Roma era aplicável sempre em qualquer lugar do império. Havia uma continuidade.